Série Museus: Museu do Negro

 



     Bom Dia!

     Falar do Brasil e não lembrar da história e cultura da raça negra e indígena e sua contribuição tão importante para a formação do povo brasileiro seria um desrespeito a nossa identidade. Embora o nosso passado nos entristece com a escravidão, merece ser registrado. O Museu do Negro que fica no Centro do Rio retrata um pouco desta memória.  A igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos no Centro. Fundada em 1640 por negros alforriados, onde o museu ocupa  o segundo andar da Igreja. 

     A igreja constituia na época um pólo de devoção e refúgio dos escravos que fugiam das senzalas. Muitos escravos chegavam na Igreja com seus instrumentos de turtura e muito machucados devido aos maus tratos de seus senhores. No ano de 1967 ocorreu um incêndio que destrui boa parte de seu acervo e da estrutura da igreja. Com a recostrução a irmandade decidiu criar o Museu do Negro no ano de 1969. O Museu é pouco conhecido do público em geral, eu mesmo não conhecia e acabei encontrando por acaso quando estava de passagem no centro do Rio. Foi quando vi a igreja que me chamou atenção e conversando com um dos frequentadores da igreja, o mesmo me disse que havia um museu no segundo andar. Foi ai que descobri e fui visitá-lo. Ver os instrumentos de maus tratos que os senhores de engenho infrigiam ao escravos de perto é realmente forte e impactante. Como resistiam a tanto sofrimento, humilhação e mesmo assim nunca desistiram de lutar pela libertade. Realmente forte as imagens, mas também observei quadros, outros objetos que foram doados por donos de antigas fazendas e o visitante pode ver um manuscrito de 1572 de Luis de Camões. Encontra-se também esculturas, pinturas, fotografias, roupas litúrgicas e objetos do culto ao candomblé. Outro fato curioso foi na igreja que surgiu o culto a escrava Anastácia. A história de Anastácia merecia um livro à parte ou mesmo um filme, pela sua represntatividade na cultura e história do Brasil. 


                                                       Uma princesa Bantu

     Uma princesa negra de olhos azuis, sendo uma personalidade religiosa muito popular no Brasil, inclusive minha avó era uma devota dela. Alguns estudiosos põem em dúvida a sua existência, pois alegam não existir provas materiais de sua existência. Eu particularmente acredito na sua existência, pois sua história vem sendo contada de geração em geração. Embora muitos documentos tenham sido destruidos no incêndio da igreja, onde a mesma fora sepultada na minha opinião não invalida a sua existência. Uma das histórias contadas sobre a escrava, que se tornou objeto de devoção popular no país, diz que no dia 9 de abril de 1740, chegava ao porto do Rio de Janeiro um navio negreiro cujo  nome era Madalena, trazendo uma carga de 112 negros Bantus, do Congo. Onde seriam escravizados no país. Sendo que a maioria foi levada para a região de Ouro Preto (Minas Gerais) para trabalho nass minas. Dentre os 112 negros trazidos, havia também junto a família real de Galanga, onde um dos personagens mais conhecidos era Chico Rei, que era Rei do Congo. Um fato trágico ao ser levado do Congo com sua família pelos portugueses para o Brasil, sua esposa a rainha Djalô e sua filha a princesa Itulo foram lançadas ao mar. Somente ele e seu filho Muzinga sobreviveram. No Brasil recebeu outro nome Francisco (Chico Rei). O trabalho duro das minas não esmoreceu Chico Rei, que conseguiu comprar sua liberdade e de seu filho. O trabalho duro e a economias e o passar do tempo foi capaz de comprar a mina de seu patrão. Onde foi capaz de comprar a liberdade de muitos de seus súditos. Outra história de grande valor, não acham?

     Mas voltando para Anastácia que era filha de uma jovem formosa chamada Delmira, por ser muito jovem a atraente foi logo comprada assim que chegou no cais do Rio de janeiro por mil réis. Sendo violada por um homem branco, e deste ato ficou grávida de Anastácia, que quando nasceu tinha os inconfundíveis olhos azuis. Nascendo em Pompeu no centro-oeste mineiro. Mãe e filha passaram um perído na Bahia, onde ajudaram muitos escravos fugitivos que buscavam a liberdade. Apesar de grande beleza, que se destacava entre muitas. Só trouxe desabores  devido as investidas bestiais de seus senhores. Um deles filho de um senhor a violou a exemplo do que ocorrera também com sua mãe. Mesmo assim Anastácia manteve sua altivez e dignidade, não deixando que lhe tocassem, provocando a ira dos senhores de engenho. Que por crueldade resolveram castigá-la ainda mais colocando-lhe no rosto uma máscara de ferro. Que só era retirada para se alimentar, suportando por anos este martírio. Muitos dos castigos que lhe eram imposto, se devia também as senhoras de engenho e suas filhas que sentiam ciúmes e despeito porque sua beleza incomodava. Seu falecimento ocorreu no Rio de Janeiro, onde a mesma já estava muito doente e debilitada. Seus restos mortais foram sepultados na igreja do Rosário, que havia dito antes fora destruida por um incêndio, onde muitos dos documentos foram perdidos e muito do que poderia se saber mais sobre esta incrível personalidade se perdeu. Realmente uma figura histórica com um passado de luta e resistência contra a brutalidade, ciúmes, irracionalidade que muito mancham o passado. 


                                                     Imagens


     Imagens do Museu do Negro, fotos , pinturas, instrumentos ritualísticos, instrumentos de tortura que os escravos eram submetidos pelos senhores, marcam um triste período de nossa história, em contrapartida também mostra muito de sua cultura, roupas, sua arte, cultos e suas tradições. 

 













Dicas:

Endereço: Rua Uruguaiana, 77- Centro- Rio de Janeiro-RJ;
Telefone: (21) 2224-2900;                                                      
Horários: 11:00 às 17:00;                                                      
Dias: segunda a sexta-feira;                                                   
                        Obs: Quando visitei, não paguei nada, mas é melhor ligar                           
antes e verificar, o lugar tem um acervo bastante variado e nos faz refletir sobre como era a vida no periodo colonial e o que os escravos passaram. Mas preservar o passado é importante para não cometermos os mesmos erros, embora ainda há muito preconceito, cabe a nós como sociedade procurar acabar com estas idéias ultrapassadas de de raça, cor, credo, orientação sexual e tantas outras que devem ser enterradas no passado, se quizermos ter uma sociedade mais justa. 

Livros Recomendados: 

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Abraço Forte !






Referências

  1.  Museu do Negro. Museus do Rio
  2.  Igreja no centro do Rio foi "quartel general" da abolição, diz historiador. EBC, 13 de maio de 2014
  3.  Museu do Negro vai ser reaberto em igreja na Saara Arquivado em 3 de março de 2016, no Wayback Machine.. O Dia, 27 de abril de 2013
  4.  Museu do Negro Arquivado em 16 de junho de 2015, no Wayback Machine.. Rio com Ela
                                               

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